VIOLENTAR
A ALMA
Este, recobrando a vista, respondeu: Velo os
homens, porque como árvores os vejo, andando.
Evangelho
de JESUS, segundo Marcos, cap. 8:24.
Não
violente a tua Alma
Com o
ato do suicídio,
Pois
tal trauma
Não lhe
trará a calma
Tão
esperada.
Você não
é uma árvore.
Mas
verifique que até ela
Está
fincada na terra
Esperando
pelo jardineiro
Para
fazer o serviço derradeiro.
Uma ele
corta pela raiz
Tirando
do chão todo o tronco
E
jogando para um canto
Para
secar.
“Vamos passando, passando, pois tudo passa / Muitas
vezes me voltarei / As lembranças são trompetas de caça / Cujo som morre no
vento.”
Guillaume Apollinaire – poeta italiano naturalizado francês (1880-1918).
Outra
ele poda todo galho
Que
serve de atrapalho
Nas
diversas estradas.
Outra
ele rega com carinho
Para
que sombreie o caminho
Dos
transeuntes.
“A nossa pálida razão esconde-nos o infinito.”
Arthur Rimbaud – poeta francês (1854-1891).
É
sempre assim.
Ela é
molhada pelo sereno
Queimada
pelo sol inclemente,
Mas
produz a necessária semente
Da
continuidade.
“Quem não sabe povoar sua solidão, também não saberá ficar sozinho em
meio a uma multidão.”
Charles Baudelaire – poeta francês (1821-1867).