SEM BAGAGEM

SEM BAGAGEM

20 Então, Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou;

21 e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!

Livro do Profeta Jó, cap. 2:20 e 21.

Jó.

Escritor, pregador e profeta de DEUS.

Obra de Fra Bartolommeo (1472-1517).

Pintor italiano.

Todo ser humano

Santo ou profano,

Chega ao mundo

Sem bagagem,

Pois é uma viagem

De ida e vinda.

“Sentimento que só experimentamos, quando nos pomos diante de um espelho.”

Pierre Véron (1831-1900).

Depois de um tempo

Como a todos convém

Retorna ao Além

Sem nada levar,

Pois a fronteira está fechada

Para as coisas materiais.

“Nascemos sem trazer nada, morremos sem levar nada, e nesse meio tempo lutamos para sermos dono de algo.”

Rumi (1207-1273).

E na terra da ilusão

Todo homem

Quer ser um figurão,

E deixa o seu Espírito

Sem alimentação.

“Aquilo que Deus disse à rosa e a fez rir em plena beleza, Ele disse ao meu coração, e o tornou cem vezes mais bonito.”

Rumi (1207-1273).

Poeta e mestre espiritual persa.

Mesmo vendo que a beleza

Na matéria tem um fim,

O homem fica enfim

Esperando um milagre,

E o único que chega sem alarde

É a despedida do corpo de carne

Que desce ao vale

E lá se desfaz

E ninguém o enxerga mais.

“A velhice é um naufrágio.”

Charles de Gaulle (1890-1970).

General, político e estadista francês.

As diversas células

Que estavam unificadas,

Agora saem em disparadas

Para os seus reinos,

Até receberem dos poderes supremos

Ordem para se reunirem

E assim construírem

Novos corpos.

“O vestuário é uma encadernação que frequentemente vale mais que o livro.”

Pierre Véron (1831-1900).

Escritor, jornalista e libretista francês.

SEM CHORAMINGO

SEM CHORAMINGO

6 Naqueles dias os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles.

Apocalipse de JESUS CRISTO segundo São João, cap. IX:6. 

Não vá chorar os mortos.

Lágrimas toda pessoa derrama

Quando se lhe acende a chama

Da frustração.

“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.”

Evelyn Beatrice Hall (1868-1956).

Escritora britânica. 

Vai ao lugar

Onde ficam os destroços

Para chorar por quem

Já partiu para o Além?

“A morte parece menos terrível quando se está cansado.”

Simone de Beauvoir (1908 -1986).

Escritora, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa.

O Espírito não está lá

Porque livre já está

No espaço,

E qual pensamento

Vai a todo momento

Onde alguém o convoca.

“O fim da esperança é o começo da morte.”

Charles de Gaulle (1890-1970).

General, político e estadista francês.

Não o chore,

Mas por ele implore

A proteção divina

Que sempre o anima

No caminho a percorrer.

“O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.”

Nietszche (1844-1900).

Filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor alemão.

A morte é apenas um capataz

Que nunca tira a paz

De quem sabe que a Vida é Eterna.

“Vivem somente os que lutam.”

Victor Hugo (1802-1885).

Tenha toda a certeza

Que os mortos não morrem,

Pois os socorrem

A Vida Eterna

Quando liberta a sua matéria,

Vestimenta gasta

Que não está mais apta

A vestir ninguém,

Pois as células se separaram

E aos diversos reinos rumaram

Na formação de novos corpos.

“Acreditamos ficar tristes pela morte de uma pessoa, quando na verdade é apenas a morte que nos impressiona.”

Gabriel Sénac de Meilhan (1736-1803).

Escritor francês.

Ninguém te impede de ter saudade,

Mas uma saudade doentia invade

O Espírito livre

Que já vive

Em outros portos.

“Se a morte fosse um bem, os deuses não seriam imortais.”

Safo (630 a. C. - 570 a. C.).

Poetisa da Grécia Antiga.

A morte é apenas a travessia

Para mostrar que um Novo Dia

Vem raiando.

“Sei que alguém no futuro também lembrará de nós.”

Safo.

Poetisa da Grécia Antiga.

Não atrapalhe com choramingo

O dileto parente ou amigo

Que atravessou a fronteira

Para a Vida Verdadeira.

 “A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace.”

Victor Hugo (1802-1885).

Escritor e dramaturgo francês.