A LAMENTAÇÃO DA NATUREZA
8 Foram, certa
vez, as Árvores ungir para si um rei e disseram à Oliveira: Reina sobre nós.
9 Porém a Oliveira
lhes respondeu: Deixaria eu o meu óleo, que Deus e os homens em mim prezam, e
iria pairar sobre as Árvores?
Livro dos Juízes,
cap. 9:8 e 9.
Gideão.
Juiz do povo hebreu.
Eu sou uma Árvore
De grande porte
E que por sorte
Dou flores, frutos
e sombra,
Mas alguns Seres Humanos
São muito
desumanos;
E muita pessoa me
trata
Como se eu fosse
um carcaça
Pronta para ser
descartada.
“Árvores são
poemas que a terra escreve para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em
papel para registrar todo o nosso vazio.”
Khalil Gibran (1883-1931).
Suporto os diversos vendávais
Para ficar de pé
E manter a Fé
Das Árvores pequenas.
Sobrevivo aos raios e relâmpagos
Que riscam a atmosfera
Para limpar a terra,
Onde gramíneas e arbustos,
Animais grandes e diminutos
Morrem de medo do trovão
Que estronda o chão.
Eu sou a Roseira
E dou muitas
flores
Para enfeitar o
jardim
Que existe enfim
Em muita
residência.
Mas sofro quando
alguém
Arranca-me
bruscamente,
Do galho onde
contente
Estou a florescer.
Surjo de várias
cores
Para alegrar os
olhares
De muita criatura
Que me trata com
doçura.
Nasço do espinho
Que me protege o
tronco
Para eu surgir no
encanto
Da minha
formosura.
“Há
pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho. Há outras que
sorriem por saber que os espinhos têm rosas!”
Machado
de Assis (1839-1908).
Escritor,
poeta brasileiro, presidente e um dos fundadores
da Academia Brasileira de Letras.
Eu sou a Fonte de
Água
Que feliz deságua
Em todo Rio,
Que está por um
fio
Para se rebelar
Contra o lixo
Que o homem-bicho
Lança nele
produzindo mau cheiro.
Por isso, de vez
em quando
Ele se enche da
água da chuva
E descarrega tudo
Nas suas margens
Sacrificando
árvores e folhagens,
Para poder
sobreviver.
“A Beleza é uma harmonia entre dor e contentamento, que
começa no templo interno do coração e termina além do alcance da capacidade de
imaginar.”
Khalil Gibran (1883-1931).
Assim faz uma
limpeza
Para poder honrar
a beleza
Da Mãe Natureza
Que não cria
sujeira.
"E
disse o divino: 'ame a seu inimigo!'
E eu obedeci e amei a mim mesmo."
Khalil Gibran (1883-1931).
Escritor e poeta libanês.
Eu sou o Mar
E estou a carregar
Além do meu povo
Todo o despojo
Dos seres
terrestres.
"Eu sou o mar infinito, e todos os mundos não passam
de grãos de areia sobre a minha margem."
Khalil Gibran (1883-1031).
Dou frutos excelentes
Para saciar a fome
De muitas gentes.
Sustento sobre mim
Os grandes navios
Que atravessam
enfim
Os diversos países
Com pessoas e
cargas.
Sou imenso,
Mas enfrento
As grandes lutas.
Quando me enfureço
Levanto ondas de
grandes alturas
Que afastam as
criaturas
Por um bom tempo.
“Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”
Fernando
Pessoa (1888-1935).
Escritor
e poeta português.
Eu sou o Céu
E o homem um
pequenino ser
Tenta me ver
Face a face...
Eu sou o Sol
Que queimo a longa
distância
E o ser carnal na
sua jactância
Quer olhar nas
minhas pupilas.
Porém, olvida
Que eu dou Vida
Ao Povo Solar
Que pode aguentar
De perto o meu
calor.
“És livre na luz do Sol e livre ante a estrela da noite.
E és livre quando não há Sol, nem Lua ou
estrelas.
Inclusive, és livre quando fechas os olhos a
tudo que existe.”
Khalil Gibran (1883-1031).
Eu sou a Lua.
O homem já pisou
aqui,
Mas o meu Povo não
viu
E então concluiu
Que não existe
Vida Lunar.
Grande engano!
Aqui tem
habitação,
Pois nada está
vazio
Na universal
imensidão.
Eu sou a Planície
E em mim subsiste
Muita vida.
A criança brinca
contente
Sobre o meu corpo
Que protege sempre
Os pequeninos.
Eu sou o Planalto
E sou de fato
Bastante habitado.
Somos todos
Trabalhadores
Elevando os nossos
louvores
Ao DEUS CRIADOR
Que no Seu Divino
Amor
Anima a nossa
Existência.
Aurora Boreal.
“Na aurora o amor me acordará e me conduzirá aos prados distantes.”
Khalil Gibran (1883-1031).
Eu sou a Montanha
Que sempre risonha
Ampara os povos.
Sobre os meus
cuidados
Estão as aves e os
animais,
Que precisam
sempre mais
Dos ares
montanhosos.
Eu sou o Monte
E sofro o
constante
Ataque dos Ventos
Que em todos os
momentos
Estão a testar a
minha força.
Porém, o Homem,
Atravessa-me com
audácia
Com uma espécie de
máquina
Fazendo em mim túneis
enormes
Que diminuem a
distância
De um a outro
lugar.
“Do sofrimento emergiram os espíritos mais fortes, as
personalidades mais sólidas estão marcadas com cicatrizes.”
Khalil Gibran (1883-1931).
Eu sou o Deserto,
Que apesar de
esperto
Sofro o poder do
Ser Humano
Que me coloca em
seu plano
Para construir
praias
E ilhas
artificiais
Que agradam demais
Todos os turistas.
Em mim constroem prédios;
E alguns de
centenas de andares
Em diversos lugares
Que são do agrado
De muitos
visitantes.
Eu sou a Mãe Terra
E abro a minha
porta e janela
Para que todos
entrem.
“Podes abrigar seus corpos, mas não suas Almas, pois que suas Almas residem na casa do amanhã.”
Khalil Gibran (1883-1931).
Muita gente me
respeita,
Mas o ingrato me
rejeita
Tendo nojo de em
mim pisar
Para não se
contaminar.
6 Eis que diante
de Deus sou como tu és; também eu sou formado de barro.
Livro do Profeta
Jó, cap. 33:6.
Jó.
Escritor, pregador e profeta de DEUS.
Como pode o filho
de minha entranha
Sentir nojo e
vergonha,
De quem o gerou?
O arado me corta a
carne
Sem nenhuma
compaixão
Para que a
vegetação
Surja em todo o
vale
Para a devida
alimentação.
Tudo sai do meu Pó.
É no meu Reino que
se cria
Toda a carnal família.
7 Então, formou o
SENHOR DEUS ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a
ser Alma Vivente.
Gênesis de Moisés,
cap. 2:7.
Moisés.
Escritor, pregador, legislador, profeta e juiz do povo hebreu
Pintor belga.
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